Durante séculos, a habitação nem sequer era considerada arquitectura porque era produzida sem arquitectos como resposta a uma necessidade primária. Basicamente as casas não respondiam a princípios de singularidade. A arquitectura era coisa simbólica ou mesmo divina. A perpétua procura pelo novo era inconciliável até ao séc. XX, momento em que o tema passa a suscitar interesse disciplinar e ideológico no Movimento Moderno.
As rupturas conceptuais e construtivas deram-se no templo e no palácio e depois nas villas, casas singulares que constituíram suporte da tradição do novo em arquitectura.
A publicação de “O que nos dizem as casas” surge na sequência do mestrado em Teoria da Arquitectura como necessidade de se trazer o tema da casa para o domínio público, numa linguagem acessível e capaz de suscitar uma reflexão sobre a iconografia da casa. Pode ler seguindo a ligação abaixo, ou adquirir um exemplar físico que se encontra à venda no Museu Municipal de Coruche.
A imagem é uma poderosa forma de intervenção social e as redes sociais podem (ou devem) ser utilizadas também como expressão do espírito crítico. Escolhi estar no Instagram e usá-lo como repositório de imagens que intencionalmente fazem a apologia do belo através do “feio”. Siga as minhas publicações em: uma_mosca_na_sopa
2016-05-15 at 17:11
Façamos a nós próprios as seguintes perguntas:
. A minha casa é mais que o lugar onde me abrigo?
. Que intervenção tive na criação da minha casa?
. Que formação tinha o autor do projecto da minha casa?
. Escolhi realmente a casa dos meus desejos?
. Serei capaz de distinguir a linguagem ou “estilo” da minha casa?
. Será ela capaz de acompanhar coerentemente o passar do tempo, ligando passado, presente e futuro?
. O que será morar? Ou habitar?
. Será habitar simplesmente onde habitualmente se está?
. O que faz com que uma casa seja a nossa morada, o nosso lar?
. Uma casa, será um lar se não tiver lá ninguém? Ou será apenas um conjunto de paredes mais ou menos recortadas, materiais que se mantêm mais ou menos coesos ?
Sob o ponto de vista da arquitectura, quando é que uma casa é um lar, ou melhor, o nosso lugar (de morada)? Quando é que uma definição contemporânea de casa (a dimensão racional) se encontra com a sua dimensão poética? E qual o papel do arquitecto neste encontro?
O arquiteto é alguém que tem a formação específica e a sensibilidade necessária para dar a melhor resposta a estas questões. Já falou com algum?